CURSO

Com patrocínio do Programa Cultural BNDES/Banco do Nordeste 2012, o projeto “Dança Afro: Corpo em Estudo” será realizado entre os dias 5 e 31 de julho no Espaço Xisto Bahia e em outros espaços culturais e tem como objetivo rever uma característica peculiar que a idealizadora do projeto, Stephanie Bangoura, percebeu durante seus 20 anos de estudo em danças africanas nas metrópoles da afro-contemporaneidade (Salvador, Havana, Nova Iorque e Paris): uma perspectiva de fitness e show, com referências norte-americanas, nas práticas realizadas tanto do Brasil como da Europa. Em outras palavras, observa-se o foco no visual do movimento e do corpo ao invés da atenção no ritual de equilíbrio de energias e vibrações musicais. 

Essa influência levou a mudanças de características ritualísticas na expressão corporal, como: o uso do espelho; o corpo sempre na posição frontal; os papéis do percussionista e dos dançarinos claramente separados; o papel secundário que o canto passa a assumir, assim como a execução dos movimentos, que se tornaram coreografados em forma de passos em lógica linear. Por outro lado, um dos princípios básicos das danças africanas é a repetição, de longa duração, a qual se define no fazer e refazer de uma dinâmica corporal, no diálogo com a música ao vivo. A mesma dança que nasce de uma resistência submete-se a valores da cultura dominante.

O projeto, destinado a professores, pesquisadores da africanidade, performers, multiplicadores, coreógrafos, músicos e atores, pretende assim fomentar o intercâmbio entre as culturas africanas e brasileiras a partir da dança, em busca de uma tradução atual e global da riqueza cultural africana. As questões a serem levantadas giram em torno das discussões sobre como interpretar a “África”, reler a “África”, o que a “África” pode significar para nós nos dias de hoje e no âmbito da educação, ou seja: reelaborar os valores e princípios de algumas corporalidades das danças africanas em diálogo com as danças afro-brasileiras.